terça-feira, 24 de junho de 2014

ABAIXO A REPRESSÃO! LIBERDADE IMEDIATA PARA OS MANIFESTANTES CALU E IGOR! TODA SOLIDARIEDADE À KARINNY, PRESA E ESPANCADA PELA PM! Nota da FIMVJ/MG

ABAIXO A REPRESSÃO! LIBERDADE IMEDIATA PARA 
OS MANIFESTANTES CALU E IGOR!
 TODA SOLIDARIEDADE À KARINNY, PRESA E ESPANCADA PELA PM!

            Nós, da Frente Independente pela Memória, Verdade e Justiça/FIMVJ-MG, vimos a público manifestar o mais veemente repúdio à repressão que tem se abatido sobre as manifestações anticopa em todo o país.  Em Belo Horizonte, a feroz repressão aos protestos do dia 12/06/2014 (abertura da Copa) e do dia 14/06/2014 (primeiro jogo em BH) constitui uma das maiores demonstrações do terror de Estado já vistas nesta capital. No dia 14/junho, o cerco à manifestação mobilizou cinco mil policiais militares, só no entorno da Praça Sete. A cidade foi transformada, mais uma vez, em praça de guerra e em território de exceção – propriedade da FIFA e do capital. Repressão selvagem, revistas truculentas indiscriminadas, espancamentos, balas de borracha a queima roupa, gás de pimenta nos olhos de pessoas já contidas foram práticas sistemáticas. Grande parte dos policiais, além de fortemente armados, portava câmeras em seus capacetes – muitos deles não portavam identificação.    Vários jovens – pelo simples fato de serem jovens – foram revistados até cinco vezes no mesmo dia e tiveram seus documentos fotografados pela polícia.   Em São Paulo, no dia 23/06/2014, a polícia deu início à verdadeira caçada de manifestantes do Movimento Passe Livre, acirrando o processo de criminalização do movimento.

            Em Belo Horizonte, onze manifestantes foram detidos – entre eles, um adolescente. Por estar registrando a manifestação e a repressão, a companheira Karinny foi presa por dois dias e espancada pela Polícia Militar até perder a consciência.  A companheira Calu e o companheiro Igor continuam presos no CERESP/Centro Sul e no CERESP/Gameleira, respectivamente.  Exigimos a imediata libertação de Calu e Igor. Prestamos toda a solidariedade à Karinny.

            Lembramos ainda o terrível saldo das jornadas de junho-julho/2013 e da Copa/FIFA. Em todo o país, centenas de manifestantes foram indiciados por saírem às ruas para protestar; cerca de vinte pessoas foram mortas pela repressão.  O ajudante de pedreiro Amarildo Souza – assassinado pela UPP da Rocinha – Rio de Janeiro, continua desaparecido.  Também no Rio, Rafael Braga Vieira, 25 anos, negro, morador de rua, foi condenado e cumpre cinco anos de prisão por portar produtos de limpeza. Em Belo Horizonte e na região metropolitana, quatro jovens foram mortos pela repressão: Douglas Henrique de Oliveira Souza, Luiz Felipe Aniceto de Almeida, Luís Estrela e Lucas Daniel Alcântara Lima.   Destacamos que dezenas de operários foram mortos e sofreram acidentes de trabalho durante a construção dos estádios e arenas da FIFA. Da mesma forma, as obras do PAC – como Jirau e Belo Monte – foram militarizadas: há dezenas de trabalhadores desaparecidos e presos. Há ainda dezenas camponeses presos por lutarem contra o latifúndio que tem matado milhares deles ao longo das duas últimas décadas, no Brasil. Todas estas mortes constituem responsabilidade do governo federal (PT, PMDB, PCdoB) da presidente Dilma Rousseff, do governo estadual de Anastasia/Aécio, do governo municipal de Márcio Lacerda e demais governos estaduais e municipais.

 A militarização da cidade se mantém e quer se perpetuar. A escalada da repressão segue seu curso. Leis repressivas contra manifestantes se multiplicam: a Assembleia Legislativa de Minas Gerais acaba de aprovar, inclusive, lei que proíbe as máscaras, que constituem instrumento de defesa dos manifestantes. Fica cada vez mais evidente que vivemos sob um Estado de exceção permanente que reproduz e leva às máximas consequências os métodos da ditadura militar. É o mesmo Estado que mantém fechados os arquivos da repressão e que impede a responsabilização e punição dos torturadores e assassinos de opositores durante a ditadura militar – crimes de lesa humanidade, portanto inafiançáveis, imprescritíveis e inanistiáveis. Este Estado incorpora o totalitarismo do mercado e do capital, que tem na sua essência a repressão desenfreada, a criminalização da juventude, a guerra generalizada contra os pobres, contra as lutas dos trabalhadores e contra os movimentos sociais. São estes os princípios da doutrina de pacificação – tributária da Doutrina de Segurança Nacional - como política de Estado.  A polícia que reprime manifestantes mata pobre todo dia.  Aí estão três casos recentes, que tiveram maior visibilidade: a auxiliar de limpeza Cláudia Silva Ferreira, 38 anos, morta por policiais do 9º BPM e arrastada por sua viatura em Madureira-Rio de Janeiro, em 16/04/2014; o dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira (DG) e o menino Mateus, assassinados pela UPP do Morro Pavão – Pavãozinho, Rio de Janeiro, em 22/04/2014.

A escalada da repressão, no entanto, não consegue conter a realização das manifestações: lutar contra a opressão é direito do qual os trabalhadores, a juventude e o povo não abrem mão. Em todo o Brasil são realizados protestos anticopa, minimizados pelo aparato midiático. Em junho/2014, estudantes da UFMG ocuparam a reitoria para impedir a militarização do campus, ocupado pelo aparato repressivo durante as jornadas de junho/2013. Além disso, houve aumento exponencial das greves de trabalhadores e das lutas estudantis em todo o país, também elas reprimidas com a selvageria típica do capital. Este tem à sua disposição o aparato midiático e o aparato policial-militar e jurídico.  Em São Paulo, quarenta e dois metroviários grevistas foram demitidos. Ainda em São Paulo, rodoviários grevistas também foram demitidos. Exigimos a readmissão imediata de todos os companheiros demitidos.

Somente a luta da classe trabalhadora, da juventude e do movimento popular terá condições de combater a exploração e opressão do Estado.  Esta batalha deve ser travada na perspectiva da luta de classes: com radicalidade e com independência em relação aos governos, ao Estado, aos patrões e à institucionalidade.  Demarcamos com setores do movimento – como o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa/COPAC e a Assembleia Popular Horizontal/APH de BH/MG- que adotam práticas, autoritárias, oportunistas, jurisdicistas e pelegas.  Tais setores se deixam levar pela ilusão de que tudo pode ser resolvido somente através do aparato jurídico. Acreditam que pode haver interlocução com a institucionalidade – até com o governador Anastasia! Fazem acordo e formam comissão em conjunto com a polícia (desde 2013), esta polícia que trata manifestantes, trabalhadores, sem-teto, jovens e grevistas como inimigos internos a serem eliminados.  

L LIBERDADE IMEDIATA PARA CALU E IGOR! 
TODA SOLIDARIEDADE À KARINNY!

 Abaixo a repressão! Pela liberdade de manifestação e expressão!
·                Pelo fim das leis repressivas que criminalizam manifestantes! Pelo fim dos processos! Pelo trancamento de todas as ações penais contra presas e presos em manifestações!
·                Pela libertação das presas e presos das Jornadas de Junho/2013, das manifestações do 7 de setembro/2013 e das manifestações  anticopa /2014!
·                Pelo fim da criminalização dos pobres! Pelo fim da criminalização da luta dos estudantes! Pelo fim da criminalização da luta dos trabalhadores da cidade, do campo e do movimento popular!
·             Pelo fim das torturas e das execuções! Pelo fim do genocídio dos jovens, negros, indígenas e pobres!  
·             Fora a FIFA!
 Pela luta independente, realizada pela classe trabalhadora e pelo movimento popular, em relação ao Estado, aos governos, aos patrões e à institucionalidade!
Belo Horizonte, 24 de junho de 2014
 FRENTE INDEPENDENTE PELA MEMÓRIA, VERDADE E JUSTIÇA/ FIMVJ-MG
 frentemvj.blogspot.com.br













14/06/2014 -Cerca de 5.000 policiais no entorno da Pça 7 -BH/MG, 
para reprimir manifestação. Foto/arquivo: IHG e FIMVJ/MG

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